Mais uma manifestação internacional contra o Projeto de Lei 4699/2012 de regulamentação da profissão de historiador, da Société d’Histoire et d’Épistémologie des Sciences du Langage (SHESL), que conta com pesquisadores de 24 países diferentes.
"Nós,
historiadores das ciências da linguagem, apoiamos os nossos colegas historiadores da
ciência brasileiros que pedem que seja anulado o projeto de lei (PL) 4699/2012,
que exige que os historiadores da ciência sejam diplomados em história."
SOCIEDADE
DE HISTÓRIA E DE EPISTEMOLOGIA DAS CIÊNCIAS DA LINGUAGEM
(S.H.E.S.L. – SOCIÉTÉ D’HISTOIRE ET
D’ÉPISTÉMOLOGIE DES SCIENCES DU LANGAGE)
A quem de direito
Paris, 10 de agosto de 2013.
Senhoras e
Senhores,
Nós, historiadores das ciências
da linguagem, apoiamos os nossos colegas historiadores da ciência brasileiros que
pedem que seja anulado o projeto de lei (PL) 4699/2012, que exige que os historiadores
da ciência sejam diplomados em história. Nós consideramos, por um lado, que a
história das ciências não pode ser distinguida da epistemologia, que inclui a
reflexão sobre o confronto das teorias atuais. Por outro lado, o estudo
histórico das disciplinas está muito ligado à prática dessas disciplinas. Um
historiador das ciências da linguagem deve ter, prioritariamente, competências
em ciências da linguagem. Enfim, a história da ciência é multidisciplinar.
Os historiadores das
ciências da linguagem, os membros da nossa Sociedade de História e Epistemologia das Ciências da
Linguagem (S.H.E.S.L. – Société d’Histoire et d’Épistémologie des Sciences du
Langage), pertencentes a 24 países diferentes, são linguistas, filólogos,
filósofos, lógicos, matemáticos, antropólogos etc., e até mesmo historiadores,
que possuem prioritariamente competências nas ciências da linguagem, possuindo
também um olhar histórico e epistemológico. Portanto, não é um diploma em
história que determina ou valida as competências em nosso campo, seja na França
ou internacionalmente. Além disso, a história das ciências da linguagem
desenvolve modelos próprios, sendo muito enriquecedor compará-los com os de
outras disciplinas, certamente os da história (como modelos de historicidade),
mas também com os da história das ciências humanas e os da história da
matemática, da física, da biologia, etc. Certamente, as práticas e ferramentas
da história ocupam um lugar importante, como a coleta e consulta de arquivos,
mas elas não são as únicas, e os historiadores das ciências da linguagem utilizam
e desenvolvem suas próprias ferramentas: bases de dados textuais, grandes corpora,
etc.
Nossos colegas historiadores da linguística
da Universidade de São Paulo, com quem mantemos relações institucionais mantidas
há muitos anos (especialmente o acordo de cooperação entre a Universidade Paris
Diderot e da Universidade de São Paulo) são historiadores da gramática, cujas
habilidades são as de gramáticos e filólogos, em concordância com as de nossos
colegas no âmbito internacional. É importante que eles organizaram na USP o 9º Congresso
Internacional de História das Ciências da Linguagem (9th International
Congress of the History of the Language Sciences), em 2002, um simpósio realizado desde 1978 a cada três anos, quer na Europa ou na América do Norte ou do Sul.
Em conclusão, reiteramos o nosso
apoio aos historiadores de ciência brasileiros, pedindo a anulação do projeto
de lei (PL) 4699/2012.
Pela diretoria da SHESL,
Jacqueline Léon, presidente da SHESL
Presidência: Jacqueline Léon, Bernard Colombat
Tesouraria: Danielle Candel, Valentina Bisconti – Secretaria: Valelia Muni Toke, Pascale Rabault-Feuerhahn
Direreção das publicações Histoire Epistémologie Langage: Jean-Luc Chevillard, Valérie Raby
Site web, documentação (http://htl.linguist.jussieu.fr): Elisabeth Lazcano
Jacqueline Léon, presidente da SHESL |
Tradução: Roberto de Andrade Martins
Carta original, em francês:
https://dl.dropboxusercontent.com/u/4072208/SHESL-soutien-Bresil.pdf
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