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22 de agosto de 2013

Manifesto do Grupo de Trabalho Temático “Memórias da Educação Física e Esporte” sobre o Projeto de Lei 4699/2012

Será que a História da Educação Física e dos Esportes só pode ser escrita por diplomados em História? Veja abaixo o manifesto do Grupo de Trabalho Temático “Memórias da Educação Física e Esporte” do Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte a respeito do Projeto de Lei 4699/2012, que regulamenta a profissão de historiador.



O Grupo de Trabalho Temático “Memórias da Educação Física e Esporte” do Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte que congrega, em específico, os pesquisadores em história da educação física e do esporte, vêm através deste comunicado argumentar favoravelmente sobre os esforços da Sociedade Brasileira de História da Educação, Comitê Brasileiro de História da Arte, e Sociedade Brasileira de História das Ciências, em criticar o PL 4699/2012, que propõe a regulamentação da profissão de historiador.

A aprovação deste projeto de lei significaria enorme prejuízo para a produção científica de diversas áreas acadêmicas que através dos instrumentos metodológicos da História avançam na compreensão dos objetos de estudos pertinentes a suas respectivas intervenções científicas e profissionais. A historiografia atualmente tem como fontes não somente os documentos escritos, mas também, fotografias, filmes, depoimentos orais, estatísticas demográficas, mapas geográficos, dados arqueológicos, enfim, as possibilidades de pesquisa foram amplamente diversificadas.  Esse quadro possibilitou a aproximação da narração com o cotidiano em seus aspectos culturais e políticos. Desse modo, novos objetos de pesquisa surgiram no campo historiográfico, como a análise das relações de gênero, da higiene, do corpo, entre outros. Consequentemente diversas artes, ciências e profissões, a partir de uma perspectiva interdisciplinar, apropriaram-se de suas respectivas trajetórias históricas, produzindo livros, artigos, ensaios, grupos de pesquisa, associações e congressos acadêmicos específicos. A inviabilidade do PL reside na destruição do que foi acumulado em termos acadêmicos e culturais por parte de muitos pesquisadores consolidados na história da arte, história das ciências, história da medicina, história da educação e história da educação física e do esporte.  Concluímos que o PL representa uma censura à produção intelectual destes grupos em nome de uma reserva de mercado que não protege a sociedade civil, mas ao contrário, torna o ensino de histórias específicas propriedade dos diplomados em História.

No campo da Educação Física e do esporte, um PL que arbitrariamente pretende “cuidar” de práticas e procedimentos da memória e da história esbarra em algumas contradições como, por exemplo, negar a própria história da Educação Física e do esporte e, sobretudo, parte importante de sua produção acadêmica, suas inserções políticas e seu fazer prático.

Neste sentido, podemos apontar o prejuízo no que se refere aos professores de Educação Física vinculados aos programas de pós-graduação em História, Educação, e Educação Física.

Esta carta objetiva sensibilizar a sociedade sobre os prejuízos inerentes à aprovação deste projeto de lei.

GTT “Memórias da Educação Física” do Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte



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